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Foto do escritorAndre Cardoso

NOTÍCIAS DA ECONOMIA BRASILEIRA - 3ª sem de janeiro

São Paulo, 17 de janeiro de 2020

Nº 002/20 – 3ª semana


I. PIB E CRESCIMENTO ECONÔMICO

1. A onda otimista no governo federal em relação ao crescimento do PIB para o ano de 2020 se mantém. Segundo o boletim da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, a previsão foi de 2,32% para 2,4%. No ano de 2019 os resultados positivos se deveram ao saque do FGTS e a previsão para esse ano é com a criação do saque no aniversário manterá o mercado aquecido.


II. CONTAS PÚBLICAS E INVESTIMENTOS

2. Outra variável que pode manter esse crescimento, segundo a SPE, diz respeito as mudanças nas contas públicas, com o aumento da arrecadação. O relatório afirma que um aumento de um ponto percentual no PIB eleva a arrecadação em R$ 7,1 bilhões. No total a arrecadação pode chegar a R$ 19,5 bilhões esse ano.

3. Outra fonte de recursos projetadas pelo governo federal será as privatizações que almejam concretizar esse ano, que pode chegar a uma receita de R$ 150 bilhões. O valor faz referência a 300 companhias estatais e mais 324 companhias com participação minoritária do governo. Já foram feitas em 2019 venda das participações de 71 empresas, sendo 13 subsidiárias, 39 coligadas e 19 simples participações. A proposta dessas empresas é que sejam incluídas no Plano Nacional de Desestatização (PND).

4. Além do plano de privatizações, o governo tem diminuído os investimentos na economia. O saldo líquido dos investimentos do setor público no terceiro trimestre de 2019 (últimos dados) foi negativo em R$ 11,4 bilhões, o que significa que os gastos feitos no período não foram capazes de cobrir a depreciação do estoque de capital. O segundo pior resultado, desde que é medido pelo Tesouro (2010), o primeiro pior resultado foi no primeiro trimestre de 2019.

5. A defesa do governo federal é que os investimentos privados aumentem sua participação, mas para isso seria necessários investimentos públicos em infraestrutura, o que não se vê. O indicador do IPEA que meda a variação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) corrobora com a baixa nos investimentos públicos que apresentou uma queda de 1% no mês de novembro em relação a outubro.

6. Se tiver algum investimento em infraestrutura feita pelo governo federal a aposta de financiamento se dará pelo Banco dos BRICS (Novo Banco de Desenvolvimento), segundo o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Economia. Essa escolha se deu pela facilidade de obtenção dos recursos, visto o Brasil integrar o bloco, em comparação aos outros órgãos de financiamento como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

7. Nas contas externas, dois temas mantém o destaque na semana. O primeiro sobre o déficit em conta corrente, que pode vir a ser um risco para a economia externa. Passou de um déficit em 2017 de 0,73% do PIB para 2,78%. Uma forma de conter esse déficit é através de empréstimos ou investimentos diretos no país. A aposta está dada nessa segunda opção.

8. O segundo tema trata-se das reservas internacionais, com o debate de qual seria o nível ideal para não colocar o país em risco, por conta das vendas de dólares feitas pelo Banco Central ano passado. Esse valor tem girado em torno de US$ 250 a US$ 300 bilhões, dando uma margem de vendas de US$ 50 bilhões.


III. MERCADO DE TRABALHO E RENDA

9. O Salário Mínimo de 2020 será de R$ 1.045,00 a partir de 1° de fevereiro, tendo um reajuste de 4,48%, igual a inflação medida pelo INPC do ano de 2019. Segundo o governo federal, cada R$ 1 de elevação no salário mínimo, aumenta a despesa da União em R$ 355 milhões. Para cobrir esses gastos, com a regra do teto dos gastos o ministro Guedes avalia que é possível ter um contingenciamento no Orçamento para cobrir o aumento realizado.

10. Contudo, a recuperação do emprego pautada na informalidade não garante os reajustes salariais destes na mesma proporção que o Salário Mínimo. Segundo estudo do Ibre/FGV, apenas 30% dos trabalhadores informais com rendimento na faixa de um salário mínimo conseguem reajustes semelhantes ao do mínimo.

11. Outra notícia no mundo do trabalho, foi o fim do benefício de deduzir do Imposto de Rende de pessoas físicas os gastos com previdência de empregadas domésticas. O argumento do governo é que só beneficiava pessoas mais ricas, sendo um benefício regressivo e ineficiente. Contudo, essa medida foi criada em 2006 pelo governo Lula para estimular a formalização desse setor. Segundo Instituto Doméstica Legal, o fim dessa medida levará a demissões e maior informalidade do setor.


IV. INDÚSTRIA E AGRONEGÓCIO

12. A venda da fábrica da Ford para a Caoa fracassou oficialmente com o governador de São Paulo admitindo esse episódio. Dessa forma os trabalhadores têm perdido as esperanças em retornar para essa fábrica. Segundo o governador há duas outras marcas chinesas interessadas, mas não noticiou quais seriam elas.

13. O Estado tem papel principal como investidor de capital de risco para criar campeões da indústria para desenvolver o país. Essa é a conclusão de um artigo dessa semana no Valor Econômico que apresenta a experiência da Coreia do Sul com as empresas Samsung e Hyundai, como exemplos bem-sucedidos que permitiu o país dar um salto no seu desenvolvimento.


V. INTERNACIONAL

14. O acordo entre EUA e China foi assinado essa semana. Esse acordo é analisado como um cessar-fogo na guerra comercial, mas o que boa parte das reportagens destacam é a vantagem maior levada pelos EUA nesse processo. A China se comprometeu em comprar US$ 77,7 bilhões a mais em manufaturados; US$ 52,4 bilhões a mais em Energia; US$ 37,9 bilhões a mais em serviços e; US$ 32 bilhões a mais em produtos agrícolas. Totalizando em US$ 200 bilhões a mais em produtos e serviços americanos nos próximos dois anos.

15. Além do compromisso chinês em fortalecer a proteção da propriedade intelectual e eliminar a pressão de transferência de tecnologia as empresas chinesas. Também se comprometeu em não desvalorizar sua moeda para obter vantagens competitivas no comércio internacional. Da parte dos EUA se comprometeram em reduzir pela metade (7,5%) as tarifas impostas em 1° de setembro sobre US$ 120 bilhões em importações chinesas. Mas ainda mantém a tarifa de 25% sobre US$ 250 bilhões de outros produtos chineses.

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